Oitiva na Câmara: 'Temos contratos não vantajosos', admite diretora executiva da Santa Casa

Diretora executiva da Santa Casa, Luciana Ignácio, foi ouvida em oitiva na Câmara Municipal realizada ontem

A gestão de contratos e os valores pactuados pela Santa Casa de Rondonópolis continuam sendo o principal assunto abordado na Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal que investiga as contas do hospital.

Em testemunho na oitiva realizada na tarde de ontem (20), a diretora executiva da Santa Casa, Luciana Ignácio, reforçou a informação da existência de contratos “não vantajosos” para a instituição e a necessidade de adequações diante da realidade financeira do filantrópico, que hoje, acumula dívida que ultrapassa R$ 70 milhões.

A diretora executiva foi ouvida na tarde de ontem por mais de duas horas pelos vereadores que compõem a comissão. Ela respondeu perguntas sobre contratos, sobre o déficit financeiro atual do hospital, problemas de gestão e medidas que estão sendo adotadas para contornar a atual crise financeira pela qual a unidade de saúde passa.

Sobre os contratos, Luciana Ignácio explicou que a Santa Casa conta com 189 contratos firmados, sendo que este número pode ser ainda maior porque a atual direção ainda está realizando levantamentos.

Segundo a diretora, há sim contratos que não são vantajosos para a instituição e alguns foram suspensos ou destratados depois que ela assumiu o cargo em dezembro do ano passado.

No depoimento, a diretora executiva apontou que há contratos que não são vantajosos, mas ponderou que não tem como definir se foram pactuados dessa forma por desconhecimento dos gestores ou por outro motivo.

Ela acrescentou que após análise, alguns desses contratos foram suspensos ou foi realizado o distrato e quando perguntada pelo presidente da CEI, vereador Ibrahim Zaher (MDB), se não considerava que alguns contratos que eram mantidos pela Santa Casa seriam “um pouco de luxo” para quem não tem condições de pagar a conta, concordou: “Só contrataria se fosse de extrema necessidade”, disse a diretora.

Luciana Ignácio indicou durante o depoimento, contudo, que algumas mudanças já estão sendo realizadas para garantir melhor gestão de contratos no hospital.

Além dos distratos já feitos, que de acordo com ela, permitem uma redução de aproximadamente R$ 100 mil mensais nos gastos da Santa Casa, toda a fiscalização de contratos está hoje centralizada na gestão administrativa e foram instituídos ordenadores de gastos para o melhor controle da execução dos mesmos.

Sobre a suposta falsificação da assinatura do presidente do Conselho Administrativo e Financeiro da Santa Casa, Jacques Polet, no contrato com a empresa médica CBS, situação que foi relatada por ele em depoimento à CEI, a diretora executiva afirmou que não haverá mais serviços prestados pela empresa e o contrato ainda está sendo analisado.

Para a atual diretora executiva, houve falhas na gestão da Santa Casa.“Ouve falha de gestão, que não posso apurar se por falta de conhecimento ou não”, argumentou aos membros da CEI ao ser questionada sobre possíveis falhas na gestão do hospital que possam ter contribuído para a crise financeira atual.

Em resposta a pergunta do vereador Dr. Manoel (União), a diretora executiva esclareceu que o déficit mensal estimado hoje da Santa Casa é de R$ 2,1 milhões. Valor apurado após ajustes que já foram feitos para redução dos gastos.

Por fim, Luciana Ignácio respondeu à comissão que a Santa Casa já vem debatendo com o Governo do Estado e com o Município a realização de uma nova pactuação, já que os valores da tabela SUS pagos atualmente pelos serviços prestados pelo filantrópico não seriam suficientes para cobrir os custos pelos procedimentos.




Fonte: A Tribuna MT
Crédito da Foto: Secom/Câmara Municipal