ICMBio aprova obra, mas aponta riscos e prejuízos

Segundo Fernando, o ICMBio autorizou o licenciamento ambiental por se tratar de uma obra emergencial, sendo a única alternativa apresentada pelo governo de Mato Grosso

Destruição do paredão das encostas do Portão do Inferno, considerado monumento natural com identidade pré-histórica, supressão da vegetação, perda da flora e de espécies, riscos de acidentes, e impactos econômicos, foram os principais danos verificados por ambientalistas, com a obra de retaludamento proposta pelo governo de Mato Grosso, para solucionar a queda natural dos blocos na região do Portão do Inferno, na MT 251.

 

Os apontamentos foram feitos durante visita técnica no local, realizada na sexta-feira (2). Guiado por Fernando Francisco Xavier, analista ambiental e chefe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que faz a gestão do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, o objetivo foi verificar a área e diagnosticar os impactos.

 

“O retaludamento traz uma perda ambiental muito grande, pois retirar a rocha é depreciar a paisagem, é tirar parte da história, além de afetar as espécies e vegetações existentes nesta área”. Explica ainda que o retaludamento começa pela parte de cima, sendo necessária uma rampa de acesso para as máquinas subirem e retirarem as rochas, apresentando riscos de acidentes com a queda de blocos, podendo comprometer ainda mais a estrada.

 

“Na parte de baixo, da curva do Portão do Inferno, é um viaduto que está comprometido, então o transporte de veículos pesados com material rochoso para ser descartado pode danificar mais, pois serão cerca de 12 mil viagens com peso estimado em 15 toneladas”.

 

Segundo Fernando, o ICMBio autorizou o licenciamento ambiental por se tratar de uma obra emergencial, sendo a única alternativa apresentada pelo governo de Mato Grosso.

 

“A queda dos blocos é um processo natural que ocorre há anos, e tem estudos anteriores que apresentam outras alternativas para a solução do problema, como a construção de uma ponte ou de um viaduto, sem ter a necessidade de retirar o morro, mas esses estudos não foram avaliados. Seria interessante que a sociedade pudesse discutir mais alternativas de intervenção, com estudos mais bem feitos”.

 

Fernando explica que o ICMBio aprovou a execução das obras nas encostas do Portão do Inferno, mediante 20 condicionantes. Dentre elas de requalificar o trecho da curva do Portão do Inferno, para ser usada como ponto turístico, já que uma nova estrada será construída para a passagem de veículos, além de impedir o uso de explosivos.


Fonte: Gazeta Digital
Crédito da Foto: João Vieira