Cuiabanos enfrentam dificuldades com estacionamento rotativo no centr

Conforme os relatos de quem frequentemente passa pelo centro, as queixas ainda são muitos

O Cidade Verde Estacionamento Rotativo Digital completou 4 meses de sua implementação em Cuiabá em 20 de junho, mas ainda não foi bem aceito pelos cuiabanos. Rodeado de opiniões divergentes, as primeiras semanas foram marcadas por dúvidas sobre as cobranças e funcionamento por parte de motoristas que circulam pelo centro da cidade, comerciantes e populares.

 

Passado o período de adaptação e implantação definitiva do sistema, retornamos às ruas na última semana para acompanhar como tem sido a adequação dos cuiabanos ao método de cobrança por hora para parar na rua, cuja proposta é de promover a rotatividade nas vagas e fomentar o comércio local.

 

Conforme os relatos de quem frequentemente passa pelo centro, as queixas ainda são muitos. Pessoas que circulam pela região encontram dificuldades para aderir ao sistema, em especial o público mais maduro, que enfrenta obstáculos com o manuseio de smartphones e aplicativos ou que desconhecem como funciona o cadastramento e os métodos de pagamento do estacionamento rotativo.

 

Em locais onde não havia presença da equipe de orientação da CS Mobi Cuiabá, alguns motoristas estavam parados fora de seus carros aguardando serem abordados ou em busca de algum profissional receber suporte. Um deles, Zedinei Onorio de Jesus, 50, havia acabado de estacionar e comentou com a reportagem que estava à espera da esposa, em compras na localidade, mas ficou em dúvida se deveria pagar pelo estacionamento ou se o tempo seria tolerado.

 

“Eu não sei nem como funciona. Se eu soubesse, ou tivesse alguém aqui para receber [o dinheiro], era melhor. Eu pagava a pessoa e ela já saía com o dinheiro. Isso aí é muito difícil. Tem muita gente que não sabe nem mexer no celular para fazer esse tipo de pagamento. Talvez a pessoa nem tenha internet na rua”, comentou.

 

O comerciante Natal Franzão, 61, trabalha há 22 anos na região central e relatou à reportagem que nos últimos 4 meses percebeu que o movimento no comércio declinou significativamente. “O fluxo de gente caiu bastante, o movimento em lojas também. Você pode perguntar no comércio aí que os outros comerciantes também vão falar a mesma coisa. Agora tem vaga e não tem carro para estacionar. Antes, tinha carro e não tinha vaga, mas tinha bastante gente na rua”, observou.

 

Franzão salienta que pessoas de mais idade têm dificuldades em lidar com o estacionamento rotativo. “Tem muito pessoal que chega aqui para mim e pergunta onde que tira o ticket e como que faz para pagar. A gente tenta indicar onde tem guichê, mas o povo continua em dúvida como funciona”, complementou.

 

Um vendedor que trabalha em loja de alimentos na região e preferiu não se identificar comentou que o movimento no estabelecimento caiu. Para ele, o período da manhã tem sido melhor tanto quanto ao trânsito, como nas vendas na localidade. O horário em que as pessoas se deslocam para o trabalho favorece o comércio. Contudo, observou que no período da tarde têm visto cada vez menos clientes, em especial os que vêm de carro ou moto até a região.

 

A motorista de aplicativo Maria Leonelia de Oliveira apontou que, mesmo não estacionando temporariamente nas vias, evita corridas pelo Centro, pois considera o fluxo da região complicado até para embarque e desembarque rápido de passageiros.

 

“Tem lugares que não dá pra estacionar e o passageiro descer. Então, preciso ir mais adiante do local onde ele vai ficar por conta das vagas e se a pessoa demora pra chegar até o carro já tenho que cancelar e ir embora porque daí não tem como esperar”, pontuou.

 

Para ela, parar pela região significaria um gasto extra devido à cobrança. Por conta disso, até evita a região para atender chamadas de corridas ou mesmo para fazer suas compras quando não está rodando a trabalho. “Se eu vier algum dia para cá à tarde para fazer uma compra, prefiro vir de carro de aplicativo. Eu deixo o meu carro em casa, porque é menos dor de cabeça” acrescentou.

 

Disponibilidade de vagas na região central
Em fevereiro, na fase inicial de implantação do sistema, foram disponibilizadas 2,3 mil vagas na área central da cidade, das quais 339 eram destinadas a carros e camionetes, 649 para motos, 99 para idosos, 60 para carga e descarga, 48 para táxi, 40 para curta duração, 34 para Pessoas Com Deficiência (PCD), 31 para mototáxi e uma para ambulância. Na época, 60 orientadores estavam nas ruas para auxiliar os usuários quanto ao uso dos parquímetros e do aplicativo.

 

Contudo, a quantidade de profissionais hoje caiu para 46, que circulam pelo centro da cidade, segundo dados da CS Mobi Cuiabá. A empresa responsável pelo sistema informou que atualmente dispõe de 2.587 vagas nos principais pontos da região central da cidade e  que o pagamento do estacionamento pode ser efetuado por meio do aplicativo Digipare. Segundo ela, mais de 39 mil usuários estão cadastrados na plataforma para utilização dos 55 parquímetros disponíveis e 30 pontos de venda para efetuar pagamento.


Fonte: Gazeta Digital
Crédito da Foto: Mariana da Silva