Sesc Pantanal debate mudanças dos ciclos de cheia e seca no bioma durante este mês

O mundo enfrenta um momento delicado com as mudanças climáticas, que deixaram de ser previsões e já apresentam seus efeitos extremos

O Pantanal é uma das maiores áreas alagáveis do mundo, de grande importância para a sobrevivência e manutenção de todos os tipos de vida. O ritmo das águas, com períodos de cheia (janeiro a março) e seca (junho a setembro) bem marcados, tem mudado nos últimos anos. Apontado, como um dos mais secos da história, 2024 já deixa o alerta para uma ameaça cada vez mais presente no bioma: o incêndio florestal e os impactos para o ser humano, a fauna e a flora. Para debater os desafios e soluções diante deste cenário, o Polo Socioambiental Sesc Pantanal realizará diversas ações durante o Mês do Meio Ambiente, celebrado em junho.

O mundo enfrenta um momento delicado com as mudanças climáticas, que deixaram de ser previsões e já apresentam seus efeitos extremos.
Além de períodos cada vez mais secos no Pantanal, as ondas de calor e ciclones extratropicais ocorridos no Brasil no último ano são exemplos disso.


Por isso, “Águas pantaneiras: retratos para o futuro” é o tema da programação que começa com a mesa redonda “Diálogos: as mudanças no ritmo das águas pantaneiras”. O evento reunirá diversas gerações para falar sobre as mudanças registradas no ritmo das águas no Pantanal, nos últimos 60 anos (1964 a 2024). Em 1964, o Pantanal registrou a maior seca da sua história, já superada por 2024. Os convidados que representam diferentes esferas da sociedade vão falar sobre o passado, presente e futuro do bioma, com suas perspectivas.

Outra ação de destaque entre as atividades é a oficina para construção da cisterna na Comunidade Capão de Angico, localizada na zona rural de Poconé (MT), realizada em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A falta de água para consumo humano é um dos problemas enfrentados pelos pantaneiros, especialmente durante o período da seca. Considerada uma tecnologia social por atender critérios de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e impacto social comprovado, a cisterna (reservatório de água que funciona como uma caixa d'água para armazenar água potável, de chuva ou de reuso) é uma solução eficaz que será ensinada, gratuitamente, entre os dias 24 e 29 de junho, com aulas teóricas e práticas.

De acordo com a gerente-geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, o objetivo é debater desafios e soluções para todo o território, que tem diversas formas de uso e uma coisa comum a todos: a vontade de cuidar do Pantanal. “O Mês do Meio Ambiente é uma oportunidade de chamar atenção para esse momento delicado, em que o Pantanal está seco quando deveria estar inundado. Reunir diferentes grupos que vivem no bioma é um passo importante para encontrarmos soluções para o presente e o futuro do Pantanal. A união de todos é fundamental para a conservação deste Patrimônio Natural da Humanidade como conhecemos hoje”, destaca.

Programação do Mês do Meio Ambiente

Além da mesa redonda e da construção da cisterna que ficará de legado para a comunidade, o Sesc Pantanal também realizará diversas ações ligadas ao tema. São elas: doação de mudas de árvores, apresentação musical da Orquestra Jovem Sesc Pantanal – “Músicas que cantam o Pantanal”, espetáculos “Criando Asas” e “Cabelos Arrepiados”, oficina com bonecos, Domingo no Parque Sesc Baía das Pedras e coquetel com artistas na exposição “Somos todos habitantes dessas águas”. Confira a programação completa no site www.sescpantanal.com.br.

Escassez hídrica no Pantanal

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou, no mês de maio, a Declaração de Situação Crítica de Escassez Quantitativa dos Recursos Hídricos na Região Hidrográfica do Paraguai, com vigência até 31 de outubro deste ano, fim do período seco normal na bacia do Paraguai, a principal do Pantanal, podendo ser prorrogada caso a situação de escassez hídrica persista.

A decisão foi tomada devido ao cenário observado na Região Hidrográfica do Paraguai, embasado por manifestações de entidades ligadas ao tema, como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e o Serviço Geológico do Brasil (SGB), de escassez hídrica relevante em comparação com períodos anteriores. Isso porque o nível d’água do rio Paraguai em abril deste ano atingiu o pior valor histórico observado em algumas estações de monitoramento ao longo de sua calha principal, sendo que o cenário de escassez ocorre desde o início deste ano na Região Hidrográfica do Paraguai.

Além disso, a situação desfavorável nessa região pode resultar em impactos aos usos da água, sobretudo em captações para abastecimento de água – especialmente em Cuiabá (MT). Isso também vale para navegação; aproveitamentos hidrelétricos a fio d’água (neles as vazões que chegam são praticamente iguais às que saem dos reservatórios); além de atividades de pesca, turismo e lazer.

A Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, abrangendo parte de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, o que inclui a maior parte do Pantanal-mato-grossense. A bacia do Alto Paraguai está dividida em duas grandes bacias ou unidades hidrográficas: o Pantanal (cerca de 36% da bacia) e o Planalto Paraguai.

Dentre seus principais cursos d’água, destacam-se os rios Paraguai, Taquari, São Lourenço, Cuiabá, Itiquira, Miranda, Aquidauana, Negro, Apa e Jauru. O rio Paraguai nasce na Serra dos Parecis, em Mato Grosso. Desde a nascente até a foz, na Argentina, o rio percorre 2.582km, dos quais cerca de 1.300km dentro do Brasil, 48km fazendo fronteira com a Bolívia e 332km na fronteira com o Paraguai.





Fonte: Gazeta Digital