Cerrado ultrapassa Amazônia como bioma mais desmatado do Brasil em 2023

Mais de 1,11 milhão de hectares foram destruídos no Cerrado, um aumento de 68% em relação ao ano anterior

Em 2023, o desmatamento no Cerrado brasileiro aumentou consideravelmente, superando pela primeira vez o índice de devastação na Amazônia e tornando-se o bioma mais afetado do país. De acordo com o relatório anual da Rede MapBiomas, divulgado nesta terça-feira (28), 1.110.326 hectares foram destruídos no Cerrado no ano passado, um aumento de 68% em relação a 2022.

O Cerrado sofreu perdas que representaram quase dois terços do desmatamento total no Brasil no último ano, cerca de 2,4 vezes a destruição registrada na Amazônia. A área devastada na Amazônia totalizou 454,3 mil hectares em 2023, uma redução de 62,2% em comparação com 2022.

“O Cerrado, que já perdeu mais da metade de sua vegetação nativa, passou a ser o protagonista do desmatamento no país, o que torna essa condição ainda mais preocupante”, ressalta Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Cerrado e Diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Segundo a medição do MapBiomas, quatro estados do Cerrado — Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam a região conhecida como Matopiba — ultrapassaram a área desmatada nos estados da Amazônia em 2023 e responderam por quase metade (47%) de toda a perda de vegetação nativa no país no ano passado. O levantamento diz que nesses estados foram 858.952 hectares desmatados, alta de 59% em relação a 2022, que já tinha registrado aumento (36%) em relação a 2021.

Três em cada quatro hectares desmatados no Cerrado em 2023 (74%) foram no Matopiba. Além disso, dois terços (33) dos 50 municípios que mais desmataram no Brasil em 2023 ficam no Cerrado, sendo que todos os 10 municípios com maior área desmatada no Cerrado em 2023 estão localizados no Matopiba.

Apesar do avanço do desmatamento no Cerrado, o Brasil registrou uma redução geral de 11,6% no desmatamento em 2023, marcando a primeira queda em quatro anos.







Fonte: Agora MT