Indígenas rikbaktsa miram certificação de castanha-do-brasil produzida na localidade

Na última “safra”, foram coletadas 35 toneladas do alimento natural pelos moradores da Aldeia Babaçuzal. A projeção da comunidade local é alcançar 120 toneladas com selo de produto orgânico

Povo rikbaktsa que vive na Terra Indígena (TI) Escondido, no município mato-grossense de Cotriguaçu, vislumbra perspectiva de fortalecer e ampliar o extrativismo vegetal e melhorar a renda. Com a obtenção de certificação inédita para produção de castanha-do-brasil, os indígenas rikbaktsa têm a chance de triplicar a colheita do fruto proveniente da floresta amazônica.


Na última “safra”, foram coletadas 35 toneladas do alimento natural pelos moradores da Aldeia Babaçuzal. A projeção da comunidade local é alcançar 120 toneladas com selo de produto orgânico.


“A castanha para nós é muito importante. Com ela, temos recursos para manter nossa família. A gente colhe o ano inteiro, só que a partir de novembro conseguimos colher e vender mais também”, explica Marinete Rikbaktsa, que é professora na aldeia.


Apesar de ser considerada um superalimento pelas inúmeras propriedades nutricionais, comercializar a castanha é um desafio para os rikbaktsa. “A questão da venda ainda é uma dificuldade, uma incerteza. Quando não temos contrato, a gente vende mais para os ‘atravessadores’. Acho que com a certificação, o processo vai mudar e os preços serão melhores”,
avalia Marinete.


Vivendo há dez anos na Aldeia Babaçuzal, Janice Rikbaktsa, integra um grupo de mulheres artesãs, porém a maior parte da renda da comunidade provém da coleta e venda da castanha-do-brasil. “A castanha desde sempre é a principal renda da comunidade. Por ela, a gente consegue sustentar nossa família. E, o mais importante, a gente não desma ta. Também reutilizamos o ouriço da castanha para carvão, para não ficar jogando na mata. Mantemos a natureza limpa”, explica.


Cacique da Aldeia Babaçuzal, Roseno Rikbaktsa explica que a coleta e a comercialização da castanha é feita coletivamente.
“Na hora de puxar, todos puxam a castanha e, na hora da venda, todos vendem juntos. Hoje tem uma associação comprando, que já manda (deposita) na conta de quem tem produção”, detalha.


“Também sou coletor de castanha e acredito que estamos no caminho certo, de buscar certificação para ter a valorização
do nosso trabalho”, conclui o cacique.


Ao todo, 80 indígenas vivem na TI Escondido, no noroeste de Mato Grosso, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).





Fonte: Gazeta Digital