Degradação cresce nas pastagens da Amazônia mato-grossense

As informações fazem parte do estudo “Diagnóstico das Pastagens na Amazônia Mato-grossense”, divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG)

Mato Grosso teve aumento de 123 mil hectares de áreas de pastagem degradadas no que compreendem a região amazônica do estado, apesar de redução onde boas práticas foram adotadas.

 

As informações fazem parte do estudo “Diagnóstico das Pastagens na Amazônia Mato-grossense”, divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

 

A análise foi realizada em 18 municípios, sendo 17 parte do Território Portal da Amazônia está localizado na região do extremo norte do estado de Mato Grosso e recebe este nome por se situar no limite sul do bioma Amazônia, sob influência da BR 163. O levantamento elencou 11 características de manejo para determinar a condição da pastagem.

 

“A atividade agropecuária no norte do estado é umas das principais atividades econômicas da região, ao passo que é também uma principais frentes de entrada em áreas de florestas nativas. Uma situação agravada pelos baixos índices tecnológicos e seus resultados produtivos, que acabam por ampliar o uso inadequado do solo, criando um ciclo de abertura, uso e degradação.” Como detalha o estudo.

 

O diagnóstico considera dados levantados de 2015 a 2021 com validação em campo no ano de 2022. Neste intervalo, houve redução de 54.060 hectares na área total de pastagem da região e um aumento da degradação das pastagens existentes.

A queda do número de pastagens está ligada ao o avanço da agricultura na região, sobretudo lavouras de soja e milho.

Para o analista de geotecnologias do ICV, Weslei Butturi, o estudo apresenta dados que podem ser utilizados como referência por gestores na tomada de decisões.


“Os gestores privados e públicos, sejam municipais ou estaduais, conseguem, a partir destes dados, tomar decisões, saber quais municípios estão mais críticos e propor linhas de crédito e de assistência técnica mais precisa”, disse.

 

Os números mostram que a redução de área de pastagem teve efeito mais forte nas grandes propriedades e pouco afetou as micro propriedades. Nas grandes, muitos proprietários migraram suas culturas, passando de pecuária para agricultura, impulsionados pelas oportunidades de negócio associadas ao cultivo das commodities agrícolas.

 

O estudo conclui que existe uma piora na qualidade das pastagens, mas que ela não aconteceu de forma geral, alguns municípios melhoraram a condição de suas pastagens no período.

 

Ocorreu também um aumento nas áreas de pastagens, principalmente em territórios indígenas e assentamentos, e desmatamento em maior intensidade nos municípios localizados nas extremidades lestes e oste, região com maior remanescente de vegetação nativa.

 

Boas práticas


Na intenção de apresentar modelos alternativos de produção, o ICV estimulou a adoção das técnicas previstas no manual de Boas Práticas Agropecuárias da Embrapa (BPA) em um conjunto de imóveis rurais na região Norte de Mato Grosso.


A adoção deste modelo se deu por meio dos projetos “Pecuária Integrada de Baixo Carbono” e “Programa Novo Campo”, ambos capitaneados pelo ICV e com atuação da porteira para dentro.


“O ICV procurou esses produtores, fez um diagnóstico destas propriedades e propôs ações de melhorias no manejo das pastagens. Ações como: análise de solo, correção de fertilidade, ajustes no manejo do rebanho, dentre outras”, disse Butturi.


Como resultado, os dados apresentados em cinco propriedades rurais que tiveram acompanhamento de projetos do ICV se mostraram positivos quanto ao aumento da qualidade das pastagens, onde 276,8 hectares deixaram de apresentar sinais de degradação no período analisado.

 

Levantamento

O estudo foi realizado a partir do mapeamento das pastagens por meio de imagens de satélite pelo Lapig e posterior validação em campo com pontos amostrais. Ao todo, 271 áreas foram definidas para validação. Dessas, os pesquisadores conseguiram acessar 255, totalizando 94% do total.

 

As características consideradas para avaliação das pastagens em campo foram: estágio de desenvolvimento, presença de invasoras, presença de cupins, disponibilidade de forragens, disponibilidade de folhas verdes, condição atual, potencial produtivo, degradação agronômica, degradação biológica, cobertura do solo e avaliação de manejo.

Para caracterização das condições das pastagens, foram determinadas três categorias que definiram os níveis de degradação, sendo elas “ausente”, “intermediária” e “severa”.

 

No período do estudo, 123.166 hectares (4,69%) de pastagens classificadas como ausentes de degradação mostraram piora em sua condição. Essas áreas foram redistribuídas para as categorias de degradação intermediária, que cresceu 110.894,9 hectares (4,23%), e severa, que registrou aumento de 12.271,2 hectares (0,47%).



Fonte: Gazeta Digital