Estudantes de Chapada relatam perda de aulas e altas despesas para chegar a Cuiabá

Eles precisam passar pelo trecho para ter aulas em faculdades de Cuiabá e têm sido prejudicados pela medida

Estudantes que residem em Chapada dos Guimarães relatam angústia e preocupação pelo bloqueio na MT-151 devido ao risco de deslizamento no Portão do Inferno. Eles precisam passar pelo trecho para ter aulas em faculdades de Cuiabá e têm sido prejudicados pela medida. Os universitários contam que mesmo as vans de transporte e micro-ônibus não podem passar pelo local.

 

De acordo com Adrieli Cristina da Costa Siqueira, 37, estudante de direito da UNIFACC, as aulas começaram na semana passada, e já é a segunda semana que ela e outros colegas faltam, pois as vans não podem passar pela via.

 

“Fica muito difícil para nós alunos ficarmos dando voltas. Pela serra serão 200 km, de ida e volta, nós vamos andar quase 500 km todo dia, não tem base. Pela Água Fria a estrada é muito perigosa, muito sofrida, porque é estrada de chão (sic)”, relata.


Segundo a universitária, a situação tem gerado cansaço e gastos financeiros excessivos, pois a mensalidade da van pode duplicar devido à situação. “A van vai ficar R$ 1300, sendo que pagamos R$ 600. Esses R$ 600 a gente já paga no suor, já gastamos demais, imagina aumentar o valor”, descreve.


Conforme a estudante, alguns alunos estão se reunindo e fazendo cota para pagar combustível de forma coletiva para ir de carro, já que veículos leves podem passar pelo local. Contudo, a maioria dos estudantes não tem automóvel para fazer esse trajeto.


Para Adrieli, caso a situação se prolongue, muitos estudantes serão prejudicados e terão que "trancar" a faculdade devido aos altos custos, além de ficar com os conteúdos atrasados e acumulados, o que pode prejudicar o desempenho acadêmico. Somado a isso, ainda há o receio de reprovar por faltas.


Assim como Adrieli, a estudante Weiny Gabriele Martins Amorim, 21, que cursa fisioterapia na Unic Beira Rio, também não tem ido às aulas regularmente. Segundo a jovem, essa semana ela conseguiu assistir a um dia de aula. Isso porque contou a carona de um colega.

 

A alternativa custou R$ 60 reais. Weiny diz que recebe apenas um salário mínimo e com o impedimento da van em passar pela MT-251 teme não sobrar dinheiro para as demais contas, além da mensalidade da faculdade e outros custos.

 

“Estou bastante preocupada com tudo isso, esperando uma solução para que eu e meus colegas possamos retornar a nossa rotina de estudos e conquistar nosso direito de ir e vir. O conteúdo fica atrasado, perdemos notas, corremos o risco de reprovar e até mesmo trancar o curso. Nós estudantes que dependemos disso e estamos em busca de um futuro melhor, de crescimento do nosso conhecimento e da sociedade, estamos sendo prejudicados”, desabafa.

 

Thais Aparecida da Silva Caldas Duarte, 31, estudante de enfermagem na Unic Beira Rio, relata que conseguiu ir alguns dias na semana passada, mas nesta semana não sabe como vai ser.

 

“Mesmo tendo que ir de carro é perigoso. Semana passada um veículo desceu de ré bateu no meu carro, me gerou prejuízo. Corremos perigos nesta estrada e quando tínhamos a van era tranquilo porque tínhamos motorista, então, de maneira geral, estamos sendo grandemente afetados”, relata.

 

O drama da universitária é ainda mais complicado, pois em seu caso, já em reta final de curso, teme reprovar e pagar pela matéria. “Ter que perder meu último ano é complicado, serão praticamente 4 anos de vida perdidos”, lamenta.

 

Entenda o impedimento

O grupo de universitários entrou com uma ação popular para reverter a situação, contudo a decisão do juiz Renato José de Almeida Costa Filho, da 2ª Vara de Chapada dos Guimarães, negou o pedido para a passagem pela rodovia MT-251 utilizando van ou outro tipo de veículo proibido pelo governo de Mato Grosso.

 

Por conta dos deslizamentos entre os quilômetros 42 e 48 da MT-251, o trânsito de veículos mais pesados, seja de transporte de passageiros ou transporte de cargas, está vetado.

A Prefeitura de Chapada dos Guimarães chegou a pedir à Sinfra autorização especial de veículos, mas a liberação foi negada.



Fonte: Gazeta Digital