Com risco de morrer a qualquer momento, Mirfaella Sadiel Leveille completa um mês de vida amanhã e aguarda transferência para uma unidade de saúde em outro estado para poder ser submetida a uma cirurgia no coração.
A bebê nasceu prematura, com insuficiência cardíaca e está internada na Unidade de Terapia Intensidade (UTI) neonatal do Hospital Geral Universitário (HGU), em uso de ventilação mecânica e drogas vasoativas.
A transferência e cirurgia foram determinadas pela Justiça no dia 1º de fevereiro, mas, até ontem, a Secretaria do Estado de Saúde (SES) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cuiabá não tinham cumprido a liminar.
Pierre Hudson Leveille, 41, e Mirlande Sadiel Leveille, 36, são haitianos e pais da pequena Mirfaella. Pierre conta que o pré-natal da esposa nunca indicou que mãe e filha poderiam ter algum problema de saúde, mas, desde o sétimo mês de gestação, Mirlande começou a ter muitas crises de tosse e vômito e, em poucos dias, passou a ter dificuldade para respirar.
Na tarde do dia 16 de janeiro, Pierre levou a esposa ao Hospital Geral e ela foi encaminhada diretamente para a UTI, em estado grave.
Ele não sabe informar o que aconteceu com a esposa, mas na tarde do dia seguinte retornou à unidade de saúde no horário de visita e foi informado que ocorreu uma cesárea de urgência, mas mãe e bebê já estavam bem, apesar de seguirem internadas.
"Depois de cinco dias ele (médico) ligou para mim para ir lá urgente. Ele disse que a médica fez um exame que viu que ela (a bebê) tem um problema no coração. Como o coração é responsável por transmitir sangue no corpo, tem uma válvula que quase fechou e aí esse sangue não sai. Por causa disso, o coração dela fica forçando e a qualquer hora pode fechar e, se fechar...", explica o pai emocionado.
Enquanto a esposa ficou internada por 17 dias, Pierre conta que chorou muito e iniciou sua batalha na busca pela salvação da filha. Ele foi empurrado entre órgãos e burocracias, implorando por ajuda e, apesar de conseguir um advogado que acionou a justiça e conseguiu uma liminar favorável, que determinou que a SES e a SMS providenciem o tratamento, nada foi feito.
"Estou de um jeito que nunca aconteceu comigo, que é ficar suplicando. Chorei bastante, mas depois eu pensei que é a vida da minha filha e eu vou fazer de tudo. Se é para mendigar, eu vou fazer de tudo para salvar a vida da minha filha", desabafa Pierre.
Fonte: Gazeta Digital