Insegurança alimentar atinge 63,2% (2.254) das famílias em Mato Grosso. Deste total, 31,1% (1.109) passam por insegurança alimentar considerada leve, 14,4% (514) moderada e 17,7% (631) grave. A situação mostra preocupação no acesso à segurança alimentar no estado, que representa apenas 36,8% (1.313). Os dados foram divulgados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Vigisan), e compõem o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil.
Em Mato Grosso, as famílias mais vulneráveis à insegurança alimentar moderada e grave são aquelas com renda inferior a 1/2 Salário Mínimo Per Capita (SMPC), cujas pessoas de referência estão desempregadas ou em condição de trabalho precária, além de apresentarem baixa escolaridade. No Estado, apenas 47,8 % dos domicílios com renda per capita de até
1/2 salário mínimo, recebem transferência de renda pelos programas do governo federal.
Quanto à insegurança alimentar leve, a média nacional de 28% é inferior à observada em Mato Grosso, cujos percentuais indicam uma condição de instabilidade na capacidade das famílias de acesso aos alimentos.
Segundo a socióloga, Patrícia Félix, os dados refletem parcialmente a realidade, pois existe a subnotificação. “Embora Mato
Grosso seja o estado produtor de grãos e carnes, a pobreza é muito maior e difícil de mensurar”. Patrícia elenca fatores que influenciam na situação de insegurança familiar das famílias no estado.
“Falta de gestão de recursos públicos, de acesso à terra, à educação, além de condições precárias de trabalho e a falta de salário mínimo organizado em termos de valorização, todas essas questões estão relacionadas à vulnerabilidade alimentar”.
A operadora de caixa, Ariane Miranda, e o marido Itamar Vieira, que atua como auxiliar de pedreiro, não recebem o suficiente para proporcionar alimentação adequada aos filhos de 9, 3 e 2 anos.
“No final do mês sempre falta leite e carne. Se não fosse a ajuda de entidades filantrópicas com doação de cesta básica estaríamos em situação pior. As crianças pedem para comer, mas nem sempre temos a oferecer, é mais o básico mesmo.
Quando adquirimos alimentos priorizamos os mais baratos”.
Fonte: Gazeta Digital