Manifestação em Cuiabá exige justiça por mulheres vítimas de feminicídios em MT

Segundo a líder do Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso, Leia Santos, 49 mulheres foram vítimas de feminicídios em Mato Grosso no ano passado

Centenas de pessoas cobraram justiça por todas as mulheres vítimas de feminicídio no estado em ato na Praça Ulisses Guimarães, em Cuiabá, na tarde desta quinta-feira (18). Com tantos casos de mulheres assassinadas pelos companheiros, os protestaram exigiram punição aos criminosos e regras mais rígidas para combater este tipo de crime, que mata o feminino.

 

Segundo a líder do Fórum de Mulheres Negras de Mato Grosso, Leia Santos, 49 mulheres foram vítimas de feminicídios em Mato Grosso no ano passado. Em muitos desses crimes, os culpados sequer foram presos.

 

Ela relembrou o caso de Thays Machado e William Moreno, mortos a tiros pelo ex-namorado da mulher, Carlos Alberto Bezerra, no dia 18 de janeiro do ano passado. O casal saía do prédio da mãe de Thays, em pleno à luz do dia, quando Carlos passou de carro atirando. Um ano após o crime, o atirador não foi julgado e espera sentença em regime semiaberto.

"Hoje, 18 de janeiro, faz um ano que Thays Machado sofreu um feminicídio e seu companheiro William Moreno foi assassinado. Escolhemos essa data para reivindicar de todas as famílias, de todas as autoridades, que possamos agir juntos para diminuir e extinguir os casos de feminicídio", explicou.

 

O grupo assinou documento de manifesto cobrando a criação da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres no governo do Estado e a implementação de um Plano Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, além do letramento de gênero e antirracista para todos os agentes públicos que lideram o Legislativo, Executivo e Judiciário.

 

Outros casos relembrados durante o ato foram da jovem Emily Bispo da Cruz, morta com pelo menos 15 facadas pelo ex-namorado, na frente do filho de 5 anos, em Cuiabá. Um dos mais recentes e que chocou o Brasil, ocorrido em Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá), foi a chacina de Cleci Calvi Cardoso, 46, e suas 3 filhas, Miliane Calvi, 19, e Manuela Calvi Cardoso, 13, estupradas e mortas a facadas. A caçula Melissa Calvi Cardoso, 10, morreu asfixiada.

 

Sobrinha de uma das vítimas de feminicídio, que preferiu não se identificar, disse que a tia sofria com o então companheiro e quis se separar. Ele não "aceitou" o fim do relacionamento e a matou a facadas.

 

"Minha tia era um amor de pessoa. Ela estava feliz porque tinha conseguido se livrar de um relacionamento abusivo de mais de 10 anos, até que ele se achou no direito de tirar a vida dela. Quem é ele para achar que pode matar alguém, que poderia matar a minha tia? E sabe dele? Não sabemos, nunca foi preso e sumiu", lamentou.

 

Somente na primeira quinzena de janeiro, 3 mulheres foram assassinadas no estado. Dinamar Ferreira da Silva, 46, foi morta a pauladas pelo marido e enterrada no galinheiro do sítio em que moravam em Comodoro.  Marta Maria Ferreira Leitão,34, foi achada sem vida em uma lavoura de Campo Novo do Parecis e duas pessoas foram presas acusadas pelo crime. O marido, Dorvalino Pereira dos Santos,77, morreu em confronto com a polícia que fazia diligência em sua casa. Mayla Rafael Martins,22, foi morta pelo empresário Jorlan Cristiano Ferreira, 44, que admitiu o crime e alegou desacordo comercial em programa sexual. Ele foi preso.


Fonte: Gazeta Digital