Economista explica regras do rotativo do cartão de crédito

O verdadeiro problema é a incidência de juros que ainda não está regulamentada. Os administradores dos cartões, cada um tem uma política que varia de 300% a 400% ao ano

Mais de 70% dos brasileiros estão endividados e isso se deve principalmente às faturas de cartão de crédito. Nessa quarta-feira (3), passou a valer as novas regras do crédito rotativo, que veio para combater os juros abusivos impostos por bancos aos mau pagadores.

 

Economista há mais de 20 anos, Edisantos Amorim explica que a taxa rotativa, cobrada quando o cliente paga o valor parcial da fatura e deixa conta para o mês seguinte, não pode ultrapassar o valor total da conta com a nova regra. Antes, os juros para quem não quitava a fatura toral chegava a mais de 300%. 
 

“Antes da lei, quando o cliente não pagava a fatura completa, ela acumulava, e ele não podia escolher se parcelava aquela dívida ou não. O próprio banco já parcelava automaticamente o restante do saldo, oferecendo uma linha de crédito com uma taxa de juros menor do que a do rotativo, mas, mesmo assim, ele ultrapassava os 300% ao ano”, explica.

 

Com a nova modalidade, o Banco Central limitou os juros da dividia do cartão a 100% da dívida.

 

Conforme o economista, a nova regra ameniza o problema, mas não resolve. “O verdadeiro problema é a incidência de juros que ainda não está regulamentada. Os administradores dos cartões, cada um tem uma política que varia de 300% a 400% ao ano. Então o governo não entrou nessa questão de limitar a cobrança de juros”, pontua.

 

“Se o cliente possuir uma dívida de R$ 800 do mês passado, no próximo mês essa divida virá com juros, e o valor total não pode passar de R$ 1.600, que é o dobro da atual”, exemplifica.

 

A partir de 2 de julho desse ano, uma nova regra será aplicada aos cartões de crédito. Se o cliente quiser, ele poderá realizar a portabilidade da dívida para outro banco que oferece um juro menor.

 

“Nessa outra modalidade, o cliente vai poder também fazer a portabilidade da dívida de uma administradora para outra, ou de um banco para o outro, que às vezes tem cartão que já vem vinculado a uma bandeira bancária”, conta.

 

Edisantos pondera que o cartão de crédito ainda é o principal causador do endividamento dos brasileiros, seja pelo mau uso do cliente ou pela falta de educação financeira. “O banco também possui culpa nesse endividamento, quando dá limites altos para um cliente que não possui perfil. Vai dando limite que o cliente não possui condições de pagar, e acaba o prejudicando”, alega.

 

Para começar o ano com pé-direito, o economista dá orientações de como se planejar para não aumentar as dívidas e criar uma "bola de neve" sem fim. “Quem está endividado vai precisar organizar as contas. O cliente percebe que o principal causador das dívidas é o cartão de crédito, então a dica é deixar de usar por um tempo para conseguir liquidar a fatura e não aumentá-la”, afirma.

 

Ele explica que o principal meio de não aumentar as despesas é gastar só o que você recebe, não mais que isso. Como, às vezes, o cliente recebe um crédito muito maior do que seu próprio salário, isso causa um desequilíbrio nas contas, no final do mês.

 

“Muitas pessoas precisam lidar com a parcela de carro, mensalidade da escola dos filhos, alugueis, que são custos muito altos. O que faz necessário o redimensionamento de todos esses custos, reduzindo, mudando, cortando ou ajustando para que o orçamento fique de uma forma equilibrada”, relata.

 

Outra dica é a reserva, o economista explica que todas as pessoas precisam guardar ao menos 10% para questões emergenciais.

 

"Com algumas mudanças simples, a pessoa vai chegar no meio do ano com a sensação de que valeu a pena. Uma organização no começo do ano, que vai desafogar a pessoa endividada lá na frente”, completa. 


Fonte: Gazeta Digital